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ESPECIAL JAPAN HOUSE

Mais do que um centro cultural, um espaço de conexão entre nações 

A Japan House e suas surpresas milenarmente modernas 

Textos e fotos produzidos coletivamente pela primeira turma do Repórter60+

Criada e mantida pelo Ministério de Relações Exteriores do Japão, a Japan House, em São Paulo, foi idealizada com o objetivo de apresentar uma perfeita imagem do Japão no presente século, em sentido amplo, ou seja, a modernidade japonesa e sua inexorável vinculação à ancestralidade de suas origens.

Muito mais do que uma exposição de obras de artes, a Japan House tem por missão permitir a seu visitante uma imersão na cultura nipônica e nos elementos que traduzem e comprovam a forte conexão existente entre Brasil e Japão. 


Ostentando a condição de pioneirismo, a Japan House São Paulo decorreu de uma iniciativa global do governo japonês, cujo projeto previa, inicialmente, inaugurar três unidades simultaneamente: em São Paulo, Los Angeles e Londres. A unidade paulistana saiu na frente, concluindo o empreendimento em maio de 2017. 
Instalada no número 52, da Avenida Paulista, a Japan House pode ser facilmente identificada pelos pedestres e motoristas que passam pelo lugar, uma vez que seu projeto exótico e imponente chama a atenção por sua fachada alaranjadamente entrelaçada. 


Utilizando madeira Hinoki, espécie de pinheiro originário do Japão, o arquiteto Kengo Kuma, em parceria com o escritório paulistano FGMF Arquitetos, foi buscar inspiração no Pavilhão Japonês do Parque Ibirapuera e na arquitetura brasileira dos anos 30 para projetar a futura casa que representaria a ponte existente entre a nação brasileira e o país do sol nascente. 

Nas palavras de sua diretora cultural Natasha Barzaghi Geenen, “a escolha da Avenida Paulista para instalação da Japan House foi em razão das possibilidades de acesso, sem segmentação. A Paulista está se fortalecendo como um corredor cultural conhecido do público, e muitos veem

aqui para encontrar bastante variedade de atrações culturais.” 

Tendo por essência surpreender seus visitantes a cada dia, a Japan House apresenta uma mostra permanente de objetos e espaços de exposições temporárias destinadas a propiciar ao público experiências genuínas e únicas dos modos de viver do Japão contemporâneo.  

A Japan House é instituição única, com exposições, palestras variadas a serem seguidas de perto, diz a diretora cultural. Sua programação está presente em seu site e no Facebook, sendo bem-vindas sugestões de todos os que queiram contribuir com esse Centro Cultural já definitivamente estabelecido como importante destino turístico em São Paulo. 

 

Texto de Silvia Sponda Triboni com colaboração de apuração de Alexandre Albizzati, Douglas Grisolia, Elisabete Cese Carrieri, Maria da Felicidade Soares, Marie Claire Eshkenazy, Mauricio José Lemos, Norma Rangel, Roberci Fonseca da Silva, Rosangela Marcondes, Valmir Ferron Fratéia e Vera Lucia Marques 

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Um loft repleto de 

cultura e arte

No andar térreo da Japan House há um espaço multiuso, que abriga um café, uma biblioteca e uma loja denominada SHIN, onde é possível encontrar produtos e trabalhos de renomados designers japoneses, que trazem um Japão contemporâneo, atraindo o público visitante. A loja Shin é um serviço terceirizado e sua proprietária Sandra Fukada, juntamente com a curadoria da casa, escolhe as peças e objetos que serão expostos, de maneira a proporcionar uma rotatividade de artefatos e artistas. Os artigos expostos estão à venda e o preço médio exige que o público interessado tenha um bom poder aquisitivo. 


A vendedora responsável, Karen Thiaki, contratada há um ano e meio, informa que por serem materiais sensíveis e, muitas vezes peças únicas, recomenda-se que os visitantes evitem manusear os objetos. Um dos itens mais valiosos colocados à venda é um bowl (tigela) de madeira todo laqueado na cor preta, cotado a R$ 7.500,00; e o mais acessível é um jogo de lápis grafite que custa R$ 28,00. 


Como o espaço no andar térreo é um grande loft e os ambientes se mesclam, o público que frequenta as exposições, invariavelmente, é atraído pelos artigos expostos na loja, assim como pela biblioteca e o café. Jessica Helena, Coordenadora de Projetos e Pesquisas na FGV-RJ, informou que é a segunda vez que visita a Japan House, pois acha o prédio muito interessante, em termos arquitetonicos e com entrada franca. “Tenho interesse pela biblioteca e, particularmente, pela cultura japonesa. Sou pesquisadora de entidades e espaços públicos, aqui as pessoas têm contato com materiais diferentes. Também conta muito o fato de ser gratuito e o acesso à biblioteca ser livre”, disse.

Texto de Vera Lúcia Marques e Maria da Felicidade Soares

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Foto: Vera Lucia Marques

”O que mais me atrai, além da cultura no geral é o artesanato japonês, essa coisa ‘do mais’ do japonês. Desenhar um pote, por exemplo, se preciso, vai passar 40 anos para fazer uma coisa perfeita. Eu gosto de artesanato, pois no meu trabalho também busco este mesmo tipo de perfeição que encontro nas peças japonesas. Esta perfeição é muito interessante, pois sai da sociedade de consumo, quando se faz um objeto ele pode ser duplicado, multiplicado para ser comercializado. No artesanato cada peça é única.”

Fabien Eychenne, Empresário da We Lab (Consultoria, conexão makers & empresas, maker nos negócios & negócios para makers; Coautor do livro FAB LAB: A Vanguarda da Nova Revolução Industrial) 

O Japão encadernado

No térreo da Japan House está localizada a biblioteca, com uma seleção de aproximadamente 2.000 livros de diversos temas, como arquitetura, arte, gastronomia, design, turismo e outros assuntos selecionados para ampliar o interesse sobre o Japão. 


As obras estão disponíveis numa ampla estante, em português, inglês e japonês, sendo um lugar especializado para encontrar material exclusivo sobre o Japão. 


Os livros são exclusivamente para consulta, não estando à venda e podem ser folheados num ambiente muito confortável. 
Entre os diversos livros do local, um dos destaques é o exemplar sobre a arte dos encaixes em madeira. Exemplo prático desta técnica pode ser visto na fachada da Japan House. 


Outra obra que o visitante encontra lá é sobre estratégia de vendas utilizando o espírito das artes marciais nas negociações. 


Pela variedade de temas os amantes da cultura japonesa poderão dedicar um bom tempo na biblioteca. 

Texto de Marie Claire Eshkenazy e Mauricio José Lemos

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Foto: Rogério Cassimiro

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Foto: Valmir Ferron Frateira 

Oriental, com um leve toque mineiro

No espaço térreo da Japan House está instalado o imi Café, que se caracteriza por apresentar itens da gastronomia japonesa. Entre as diversas iguarias incluem-se o café feito com o grão Bourbon Vermelho, produzido no sul de minas com exclusividade, doces, chás, pudim de leite ao estilo japonês, que não utiliza leite condensado. Um dos destaques é o matcha, o chá verde mais popular do Japão, inclusive utilizado também na confecção dos bolos vendidos no café. 

Além do ambiente contemporâneo, destaca-se, também, o atendimento dos funcionários, sempre com as duas mãos estendidas, chamado de omotenashi, que significa “entrega sem recebimento”. Outra particularidade é o tradicional pão de queijo mineiro, introduzido no cardápio em atendimento aos inúmeros pedidos dos brasileiros. 

Importante citar a localização priveligiada do café, ao lado da loja Shin e da biblioteca, além de um maravilhoso espaço externo. 

Texto de Roberci Fonseca da Silva e Valmir Ferron Fratéia

Espírito de zelo, cuidado e encantamento no primeiro andar da Japan House

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Foto: Rogério Cassimiro

A Furoshiki gift store, localizada no primeiro andar da Japan House, dedica-se a difundir o uso e a técnica da arte milenar japonesa de envolver objetos em tecidos que lhe dá nome. A palavra furoshiki é formada por “furo” (banho) e “shiki” (abrir um tecido). O Furoshiki pode ser usado como bolsa, presente, embalagem, acessório de vestuário. Por ser ambientalmente sustentável, o uso criativo de um único tecido está totalmente inserido no conceito “mottainai” (não desperdício).  

Texto de Anastácia Jean Kyrissoglou e Myrian Becker

Uma jovem diante da tradição milenar japonesa

A possibilidade de estar em contato com a cultura japonesa foi o que motivou Natasha Barzaghi Geenem, a enfrentar o desafio de ser a diretora cultural da Japan House. “Aceitar o convite foi muito sedutor para mim”, diz, encantada com a possibilidade de dirigir uma instituição nova e poder juntar ao seu trabalho o contato com a diplomacia, já que parte dos recursos da Japan House é originada do Ministério de Relações Exteriores do Japão. 


Muito jovem, tem somente 36 anos, Natasha tem sólida formação acadêmica e experiência profissional. Graduada em artes plásticas na Faap, e pós-graduada em mediação cultural concepção e realização de projetos culturais pela Université de Provence, na França.

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Foto: Lilian Liang

Além disso, cursou MBA em bens culturais, cultura economia e gestão pela FGV/ SP. Em sua passagem pela França atuou em instituições reconhecidas como Pavillon de Vendome e o Centre Georges Pompidou. No Brasil, foi assessora de relações internacionais na Pinacoteca do Estado de São Paulo. 
Apesar de afirmar ter muita afinidade com a cultura japonesa e interesse na comunidade nipônica, ela não teve a oportunidade de aprender o idioma, algo que já lhe causou algumas saias justas. “Uma vez, treinei muito para cumprimentar convidados japoneses que receberia aqui na Japan House”, conta. “Ensaiei tanto e na hora, ao invés de dizer ‘bom dia’, os saudei com um animado ‘boa noite’”, diz rindo. 

Texto de Douglas Grisolia, Elisabete Carrieri e Norma Rangel

Um banheiro diferente

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O banheiro da Japan House chama a atenção pelo uso do aparelho sanitário com certa tecnologia acoplada. Dotado de um controle remoto que aquece a água e o assento, descarga com iluminação, consumo otimizado da água e da energia, secador e neutralizador de odores proporciona ao visitante uma experiência supreendente. 

Conforme o assessor de comunicação da Japan House, Fidel Forato, a tecnologia presente nos banheiros da instituição são da Toto, empresa de design japonês que representa um dos aspectos da cultura nipônica atual. Um casal de turistas comenta 

que já conheciam, “no hotel onde estamos tem esse tipo de banheiro mas aqui na Japan House utilizamos a descarga convencional, por ser mais rápido.” 

Myrian Becker, 63 anos, advogada, fez uso da tecnologia pela primeira vez em sua visita à Japan House e gostou da experiência. “Achei confortável o aquecimento do assento e a temperatura da água, além do controle do jato da água para higiene íntima e a secagem que dispensa o uso do papel deixando tudo mais higiênico. Adorei o design da louça e que inspira muita modernidade”, afirmou. Já para Marie Claire Eshkenazy, aposentada, 80 anos, o começo foi de estranhamento. “A primeira impressão foi surpresa e susto com tantos botõezinhos, mas, no geral, achei muito bom o aquecimento e impressionante a higienização”, comentou. Após experimentar, defendeu a aplicação em mais lugares. “Deveria ser utilizado nos locais públicos porque é lá que está a contaminação. É interessante para o idoso, mas, dependendo da limitação, é necessário que um cuidador acione o controle remoto”, observou. 

Texto de Anastácia Jean Kyrissoglou

Fachada | Foto: Rogério Cassimiro

Banheiro | Foto: Anastácia Jean Kyrissoglou

Biblioteca | Foto: Rogério Cassimiro

Café | Foto: Elisabete Carrieri

Aromas e Sabores:

uma exposição sensorial

Livros e vidrinhos pendurados, painel de tubos onde o olfato é solicitado, balas que provocam o paladar, essa é a exposição Aroma e Sabores, que está na Japan House até 30 de setembro. A exposição foi baseada em uma mostra realizada no ano passado, que usando fotos, versou sobre a gastronomia propriamente dita, apresentando um único chef, Yoshihiro Narisawa. “Eu achei que seria muito interessante fazer agora uma coisa mais lúdica, em que a gente mexesse com os sentidos e que fosse didática e pegasse o sistema macro da gastronomia, tratando o tema de uma outra forma para, com isso, levantar outros interesses, outras dúvidas ou outras respostas”, diz Natasha Barzaghi Geenen, 36 anos, diretora cultural da Japan House. 

A exposição é dividida em três partes. Na primeira, o visitante se defronta com livros que trazem as fórmulas quimicas dos sabores que hoje são construídos para consumo público; na segunda, há um painel de fragâncias com tubos coloridos que provocam as pessoas a identificá-las, ligando cada uma à sua cor; há também uma degustação de balas de gelatina, em uma única cor, desafiando a identificação de seus diferentes sabores. “Principalmente por causa da textura, essas balinhas me lembram as jujubas, o doce encantado da 

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Foto: Rogério Cassimiro


Segundo Natasha, a exposição tem atraído um público novo. Um menino de quatro anos, por exemplo, já apareceu por lá cinco vezes para percorrer a exposição e se deliciar com os aromas e sabores apresentados. “É o meu visitante mais fiel”, diz a diretora cultural.  

Texto de Amelia Iaie Hatanaka, Anna Luiza Fleury e Maria Ilda Pedroso

Gosto saboroso

Umami ocupa um lugar de destaque na exposição no segundo andar sobre Aromas e Sabores. Inclusive o visitante pode degustar o próprio. Existem cinco gostos básicos que o paladar reconhece: doce, salgado, azedo, amargo e umami, palavra emprestada da língua japonesa que significa “gosto saboroso”. 

Hoje em dia, o Umami é muito reconhecido. O que melhor representa este sabor na cozinha japonesa é a sopa Dashi (um caldo básico da culinária japonesa) originalmente feita com kombu (alga marinha), mas que pode ser preparada com outros ingredientes, como tomate, queijos fortes, aspargos, cogumelos, especialmente o shitake, além de aparas secas de peixe Katsuobushi. O Umami tem como elementos naturais glutamato, guanilato ou ácido inosínico. Industrialmente, foi criado o glutamato monossódico, conhecido como um realçador de sabor.  

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Foto: Elisabete Carrieri

Texto de Ruth Joffe Spiewak

Exposição Sensorial | Foto: Rogério Cassimiro

Exposição Sensorial | Foto: Silvia Triboni

Aromas e Sabores | Foto: Rogério Cassimiro

Aromas e Sabores | Foto: Rogério Cassimiro

Dô: a caminho da virtude

AS ARTES MARCIAIS COMO UMA DAS EXPRESSÕES DA CULTURA JAPONESA

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Foto: Rogério Cassimiro

A Japan House realiza, pela primeira vez, uma exposição com conteúdo esportivo. A mostra “Dô: a caminho da virtude” traz vídeos, informações, palestras e demonstrações práticas que destacam os principais movimentos e conceitos das artes marciais japonesas. “A apresentação desses esportes tradicionais japoneses é uma forma de trazer ao público uma amostra do que serão as Olimpíadas de 2020 no Japão”, diz Natacha Barzaghi Geenen, diretora cultural da casa. 

O termo que dá origem ao título da exposição, Dô, significa caminho. Trilhar o caminho da virtude é uma filosofia enraizada na cultura japonesa desde o século VIII com o conceito de omotenashi, aplicado originalmente na cerimônia do chá. Omotenashi, segundo a monitora da exposição da Japan House, Gabriela do Nascimento Silva, de 25 anos, é receber com hospitalidade todas as pessoas, independentemente da etnia, idade, vida social, gênero. E, o mais importante, sem qualquer interesse em receber algo em troca. Tudo isso está refletido nas práticas tradicionais japonesas, em que os competidores recepcionam um ao outro com grande respeito. 

Entre as artes marciais apresentadas na exposição está o Judô, criado em 1882 e praticado em todo o mundo por homens e mulheres de todas as idades. Menos conhecido no Brasil, o Kiudô é a arte marcial japonesa do arco e flecha, em que os praticantes atiram em um pequeno alvo fixo. O Karatedô, literalmente “o caminho da mão vazia”, é a arte marcial que não utiliza armas e tem grande popularidade. Já o Sumô é uma luta japonesa rica em história e tradição. Tornou-se hoje um esporte moderno, rápido e enérgico, praticado em muitos países. O Kendô, o esgrima japonês, é um esporte em que os competidores, vestindo uma armadura protetora, disputam pontos acertando partes determinadas do corpo do oponente com espadas de bambu. 

O Aikido como filosofia e prática

Um dos grandes destaques da exposição é o Aikido, cujo fundador Morihei Ueshiba, é reconhecido no Japão por sua proficiência em várias artes marciais. Praticante do Aikijujutsu, num determinado momento, desgostoso com o cenário macro da guerra (vive as duas guerras mundiais), Ueshiba entra em profunda reflexão e, segundo passou para a história da arte marcial, tem uma “iluminação” e cria o Aikido, cujo termo significa “o caminho do encontro ou harmonia da vida”. 

No Aikido não existe campeonato nem competição, mas é uma prática de autodesenvolvimento por meio da relação com os outros. Uma frase sobre a modalidade atribuída ao fundador é: “no Aikido, aprendemos a cair 100 vezes e a levantar 101 vezes”. 

Pela ausência do caráter da competitividade, a modalidade independe de força, gênero e estatura pessoal. O que garante a efetividade é, segundo o sensei Leonardo Sodré, faixa preta 5⁰ Dan da Associação Pesquisa de Aikido, a prática dos princípios como irimi (entrada) e tenkan (giro), bem como em encontrar um caminho diferente daqueles que todas as pessoas optam naturalmente como defesas: luta ou fuga. É, portanto, segundo ele, uma prática que pode ser praticada por todos, já que não usa força, mas privilegia a busca pela empatia, harmonia e entendimento com o outro. 

 

Texto de Elizabeth Ohno Osaki, Lilian Shibata, Marcelo Mello Franco e Sandra Regina Ferrero

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Foto: Rogério Cassimiro

A PARTICIPAÇÃO FEMININA NAS ARTES MARCIAIS

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Foto: Rogério Cassimiro

As artes marciais têm importante papel na cultura japonesa e, embora comumente atreladas a uma prática masculina, há hoje em dia mais mulheres praticando várias de suas modalidades. 

O professor Leonardo Marques Sodré (leia perfil do sensei aqui), 5º Dan de Aikido, conta que, embora as artes marciais sejam mais relacionadas aos homens, no Japão milenar há uma arma, a naginata, tradicionalmente utilizada por mulheres para que pudessem defender suas casas e lutar, já que o papel masculino era essencialmente a guerra. 

Atualmente, Sodré afirma que há participação feminina em várias modalidades e, inclusive, marcam presença no alto escalão de várias artes marciais. Hoje, o maior nome do Aikido no mundo é o de uma mulher - Yoko Okamoto Sensei, que estará no Brasil em outubro para um seminário. 

 

Texto de Conceição Aparecida Peres Munhoz

Para falar mais sobre a participação das mulheres nas artes marciais e, em especial, no Aikido, entrevistamos Lilian Harumy Shibata, de 65 anos, aluna do curso Repórter 60+. 

Lilian, qual sua relação com as Artes Marciais japonesas?

 A relação estreita com as artes marciais faz parte da cultura japonesa. O Aikido expressa bem esse binômio Arte e Marcialidade. Encantei-me pelo Aikido já na idade adulta e gosto dessa face não competitiva que ele proporciona, pois não há quem ganha e quem perde, é uma prática constante de aprimoramento. 

Poderia nos falar mais sobre o significado do DÔ?

 Resumidamente, o termo representa o “caminho do guerreiro”, dentro da visão do BUDÔ, arte milenar da guerra. O caminho do guerreiro se dá na prática da arte marcial, e que transcende para a vida de forma integral.

E qual seria o propósito de se percorrer esse “caminho”? 

No caso do Aikido, o propósito é o de junção de energias que integram o corpo e a mente. AI significa o encontro, a harmonia. KI, a energia vital, vida. E  é o caminho. Portanto, AIKIDO é o caminho do encontro e da harmonia na vida.

Exposição Dô | Foto: Rogério Cassimiro

Artes Marciais | Foto: Rogério Cassimiro

Feminino nas Artes Marciais | Foto: Rogério Cassimiro

Japan House | Foto: Rogério Cassimiro

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Foto: Renata Costa

Publicitário brasileiro encontra seu caminho no Aikido

Desde os 14 anos, Leonardo Marques Sodré se descobriu no Aikido. O sentido de vencer um oponente anulando sua própria força tornou-se fonte de inspiração para vencer os obstáculos da vida. Essa descoberta aconteceu por acaso, quando foi incentivado a conhecer essa arte marcial por amigos que eram companheiros de judô. “Me identifiquei como uma forma de expressão não verbal, mas física”, contou. O domínio do corpo e da mente através da técnica das artes marciais, que prega disciplina, concentração e a reverência em respeito ao oponente antes e depois do confronto foram como uma resposta a indagações da adolescência. 

Leonardo não tem ascendência oriental, mas o encontro com essa arte tradicional japonesa tornou-se fundamental como um caminho a ser seguido e, atualmente, dedica-se integralmente ao Aikido. 

 

Publicitário por formação, Leonardo tem 36 anos, duas filhas e não exerce mais essa profissão. Seu foco está nas aulas de Aikido em diversas escolas e em apresentações em eventos no Brasil e no exterior. Viaja regularmente ao Japão, que é sua referência para troca de experiências com outros mestres. 

Como atividades complementares para aumentar a força física, Leonardo pratica boxe, judô, kenjutsu (arte marcial japonesa com espada) e musculação. Também dança ballet para treinar equilíbrio e ampliar a consciência corporal. 

Leonardo Sodré é mestre (sensei) de Aikido e faixa preta 5º Dan da Associação Pesquisa de Aikido. 

Texto de Sonia Shizue Okita Buschinelli 

Foto: Rogério Cassimiro

Foto: Rogério Cassimiro

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